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segunda-feira, 21 de março de 2011

A catástrofe nuclear no Japão

no New York Times
O Japão está diante de um acidente nuclear catastrófico na manhã desta terça-feira, no momento em que a explosão no mais atingido dos três reatores da Usina Nuclear de Fukushima Daichi danificou uma crucial estrutura de aço, trabalhadores de emergência foram retirados da usina e emissões muito maiores de materiais radioativos parecem iminentes, de acordo com declarações oficiais e executivos da indústria informados a respeito dos acontecimentos.
O primeiro-ministro japonês Naoto Kan estava se preparando para fazer um discurso de TV à nação às 11 horas da manhã, horário de Tóquio.
A grave deterioração veio depois que autoridades do governo disseram que a estrutura de contenção do reator número dois, o mais seriamente afetado dos três reatores de Daichi, tinha sofrido danos durante uma explosão pouco depois das 6 da manhã de terça-feira.
Eles inicialmente sugeriram que os danos eram limitados e que operações de emergência destinadas ao esfriamento do combustível nuclear nos três reatores com água marinha continuariam. Mas executivos da indústria disseram que a situação tinha ficado fora de controle e que todos os trabalhadores da usina tinham de deixar o lugar por causa de exposição excessiva a vazamentos radioativos.
Se todos os trabalhadores de fato deixarem a usina, o combustível nuclear dos três reatores provavelmente derreterá, o que levaria à propagação no atacado de material radioativo — de longe o maior acidente deste tipo desde o desastre em Chernobyl 25 anos atrás.
Relatos de uma iminente piora do problema surgiram depois de um dia e uma noite de tentativas de resgate focalizados principalmente no reator número dois. Lá, válvulas que não funcionavam evitaram que trabalhadores conseguissem diminuir a pressão na caixa de contenção do reator ou que injetassem água do mar nele. Isso significou que as medidas extraordinárias de emergência que os trabalhadores estavam empregando para evitar o superaquecimento do combustível nuclear já não faziam efeito.
Como resultado, o combustível nuclear ficou exposto por várias horas, aumentando o risco de um rompimento da caixa de contenção e de emissão mais perigosa de partículas radioativas.
Na manhã de terça-feira a operadora da usina, Tokyo Electric Power, disse que tinha arrumado a válvula e retomado as injenções de água marinha, mas que detetou possível vazamento na caixa de contenção que já não permitia que a água cobrisse totalmente as barras de combustível.
E então a explosão atingiu o mesmo reator. O operador inicialmente informou que a explosão poderia ter danificado a parte inferior da caixa de contenção, mas mais tarde disse que os níveis de radiação não tinham subido suficientemente para justificar o agravamento do problema. Embora não tenham dado imediatamente um relato detalhado do que aconteceu no reator, o governo e funcionários da empresa inicialmente descartaram um rompimento sério, que poderia causar vazamentos maciços de radiação ou um derretimento completo do combustível nuclear.
Mesmo que um derretimento completo seja evitado, autoridades japoneses estão diante de opções pouco palatáveis. Uma é de continuar inundando os reatores e soltando o vapor resultante, na esperança de que os ventos, que sopram em direção ao Pacífico, não virem para o sul em direção a Tóquio, ou para oeste, em direção ao norte do Japão e Península da Coréia. O outro é esperar que o pior do superaquecimento tenha passado e que com a passagem de mais alguns dias o combustível nuclear esfrie suficientemente para selar a radioatividade dentro das usinas, que claramente nunca mais serão utilizadas. As duas opções envolvem grandes riscos.
Embora autoridades japonesas não façam comparações com acidentes passados, a soltura de uma quantidade não determinada de gases e partículas radioativas — todos sinais de que o combustível dos reatores foi danificado pelo menos com um derretimento parcial — acrescentou considerável tensão às tentativas de esfriar os reatores.
“Já passou faz tempo de Three Mile Island”, disse Frank von Hippel, um físico e professor de Princeton. “O mais risco agora é que o combustível realmente derreta e você tenha uma explosão de vapor [radioativo].”
Hiroko Tabuchi reported from Tokyo, Keith Bradsher from Hong Kong and Matthew L. Wald from Washington.

PS do Viomundo: O primeiro-ministro, em seu discurso, anunciou a retirada de todos os moradores que vivem num raio de 20 quilômetros da usina e pediu que as pessoas que moram num raio entre 20 e 30 quilômetros das usinas fiquem dentro de casa. O governo anunciou medida de radiação de 400 milisievert em torno do reator número três. Os danos à saúde humana começam acima dos 100 milisievert.

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